QUEM SÃO OS KRENAK?
PT
O povo krenak se localizam no estado de Minas Gerais e são um povo indígena remanescentes dos antigos Botocudos. Também autodenominados Borum Watú, esse povo tem sua terra parcialmente demarcada pelo Governo Brasileiro localizada à margem esquerda do rio Doce (Watú), onde se localizam famílias que resistem na sua tradição. A história desse povo pertencente ao sistema macro-jê, falantes do Ithok Krenak, é marcada pelas violências estatais, pelas perseguições e violações de direitos humanos, como o crime de Mariana que gerou o rompimento da barragem de fundão matando o parente Watú (rio Doce) com os milhares de toneladas de lama de rejeitos derramados nos cursos tributários do rio Doce. Atualmente, somam um pouco mais de 630 pessoas e lutam pela reparação e buscam reflorestar e retomar a terra devastada pelos não-indígenas.
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EN
The Krenak people are in the state of Minas Gerais, and they are a remaining indigenous people from the ancient Botocudos. Also selfdesignatd as Borum Watu, these people have their land partially demarcated by the Brazilian Government located on the left bank of the Rio Doce (Watu), where families that resist in their traditions are located. The history of this people belonging to the macro-Gê syste and speakers of the Ithok Krenak, is marked by state violence, persecution and human rights violations, such as the Mariana crime that led to the rupture of the Fundão dam, killing her relative Watu (Doce river) with the thousands of tons of tailings mud spilled into the tributary courses of the Doce river. Currently, there are a little more than 630 people and they fight for reparation and seek to reforestation of the land devastated by non-indigenous people.
QUEM É SHIRLEY KRENAK?
PT
Ativista indígena, indígena ativista. Talvez, esse par de palavras arranjadas neste trocadilho seja a melhor maneira de começar a me apresentar. Sou Shirley Djukurnã Krenak, uma mulher nativa do Brasil. Desde meus 13 anos de idade, respondo ao chamado da mãe-terra para ser uma representante dos direitos indígenas e, principalmente, lutar pela preservação do meio-ambiente e da espiritualidade ancestral. Hoje, aos 40 anos, dedico-me em corpo e em alma à luta das mulheres indígenas, algo herdado desde meu nome tradicional, Djukurnã: mulher sempre disposta, pois é portadora do espírito que nunca envelhece.
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Pertenço ao povo indígena Krenak, localizado às margens do Watú (Rio Doce), no leste do estado de Minas Gerais. Muitos dos meus conhecimentos tradicionais foram aprendidos através da sabedoria de meu pai, Waldemar Itchó Itchó Krenak, ao redor de uma fogueira na beira do Rio Doce, nosso parente sagrado. Meu povo, talvez, tenha sido o principal paradigma na história da invasão europeia e da expansão religiosa sobre os povos ditos “sem fé, sem lei e sem rei”. Inimigos declarados da colônia, encurralados e escravizados no Império, expulsos das terras tradicionais e aprisionados na República, os Krenak foram o campo de experimentação da arrogância da razão ocidental, que no afã de “descobrir” o exótico deixou o espírito padecer, restando o corpo que vaga sem sentido na mãe-terra. Desde o Príncipe Maximilian Alexander Philipp zu Wied-Neuwied e Curt Nimuendajú, a cultura do meu povo é objeto de usurpação: levaram nossos corpos, crânios, artefatos sagrados e até indivíduos Krenak para o velho mundo. Como meus irmãos e eu dizemos, se nosso povo ainda persiste na resistência sem fim, é porque nosso ato de existir implica no resistir cotidiano. Porém, essa história de violência apenas compõe do trabalho do meu trabalho, pois contra o ódio do homem branco, apresento a cura pela ancestralidade indígena.
EN
Indigenous activist. Perhaps this pair of words is the best way to start introducing myself. I'm Shirley Djukurnã Krenak, a native woman from the Brazil. Since I was 13 years old, I have responded to Mother Earth's call to be a representative of indigenous rights and, above all, to fight for the preservation of the environment and ancestral spirituality. Today, at the age of 40, I dedicate myself in body and soul to the struggle of indigenous women, something inherited from my traditional name, Djukurnã: a woman always willing, because she is the bearer of the spirit that never grows old.
I belong to the Krenak people, located on the bank of the Watú (Rio Doce), in the east of the state of Minas Gerais. Much of my traditional knowledge was learned through the wisdom of my father, Waldemar Itchó Itchó Krenak, around a fire in the margins of Doce river, our sacred kinsman. Perhaps, my people was the main paradigm in the history of the European invasion and religious expansion over the so-called “faithless, lawless and kingless” peoples of the “new world”. Declared enemies of the Colony, cornered and enslaved in the Empire, expelled from traditional lands and imprisoned in the Republic, the Krenak were the field of experimentation for the arrogance of Western reason, which in its eagerness to “discover” the exotic let the spirit suffer, leaving the body that wanders aimlessly on mother earth. Since Prince Maximilian Alexander Philipp zu Wied-Neuwied to Curt Nimuendajú, the culture of my people has been the subject of usurpation: they took our bodies, skulls, sacred artifacts and even individuals to the “old world”. As my brothers and I usually say, if our people persist in endless resistance, it is because our act of existing implies daily resistance. However, this history of violence only composes notes of my work, because against the hatred of the white man, I present the cure for indigenous ancestry.